Trabalho subsidiado pela JNICT (projeto JNICT mar/87251)
Dissertação apresentada para obtenção do grau de Doutor em Ciências do Ambiente (Biogeoquímica Ambiental) pela Universidade de Évora, 1990
Neste trabalho foi aprofundaria a questão da especiação do arsénio em meio estuarino e analisados os possíveis mecanismos biogeoquímicos que a controlam. Em particular procurou estudar-se, no estuário do Tejo, a distribuição de AS3+, As5+, MMA e DMA em diferentes épocas do ano e para diferentes condições hidrodinâmicas. Neste contexto detectaram-se e quantificaram-se, pela primeira vez em águas naturais marinhas, formas trimetiladas de arsénio (MA). Os esforços desenvolvidos para esclarecer a origem das formas trimetiladas permitiram ainda a detecção e quantificação de duas fracções desconhecidas de arsénio dissolvido refractárias à produção de arsinas e que se distinguem entre si pela diferente sensibilidade à digestão alcalina.
Procurou caracterizar-se física e quimicamente essas fracções e nomeadamente proceder à identificação da sua estrutura química. Resultou daí a identificação por fragmentometria de massa, de arsenocolina num extracto em metanol de uma fracção aquosa purificada por troca fónica. Foi também recolhida evidência que sugere a presença, nas águas do estuário, de arsenobetaina e de tetrametilarsónio. Com base nestes resultados reexaminou-se o conjunto de mecanismos responsáveis pela biotransformação e reciclagem do arsénio em meio estuarino retirando-se consequências nomeadamente no que respeita ao esclarecimento da origem da arsenobetaina nos tecidos de animais marinhos e ao significado tóxicológico e ecotóxicológico das novas fracções encontradas.
Arsénio -- Ambiente marinho -- Digestão alcalina --